quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fingir não é o mesmo que tentar fingir


«Hoje, apenas temos de nos preparar para saber sorrir, preparar para sabermos fingir, preparar para mostrar que finalmente percebemos o que é a felicidade. Ou então, preparmo-nos apenas para estarmos preparados. Quanto mais iludidos estamos, menos sofreremos por ilusão, quanto mais tempo vivermos na ignorância, mais tempo viveremos felizes e quanto mais desejarmos não crescer, mais adultos seremos. Quando acordarmos finalmente, não por não dormirmos mais, mas por finalmente termos aberto os olhos, quando finalmente precisaremos de alguém ao nosso lado, não para não nos sentirmos sozinhos, mas sim para sentir que alguém está ao nosso lado, ou quando simplesmente precisarmos dum abraço, não por ser algo normal em amigos, mas porque é a única coisa que nos possa acalmar nesse instante,. aí sim, saberemos o que é exactamente sentir algo diferente do normal. Porque até aí, apenas somos conduzidos a agir e pensar em conformidade com o que o senso comum diz sobre o significado da felicidade, sorrimos porque vimos alguém sorrir, dizemos que somos felizes porque alguém também o disse, e só. Aquilo que chamamos de felicidade,.. a tal, é aquela felicidade de fazer anos!?, a felicidade de comer chocolates, essa felicidade é, mesmo, felicidade? Ou a infelicidade de termos caído e magoado, ou a infelicidade de tirarmos uma má nota? Era tudo tão simples, o conceito "feliz" ficava-se pela nossa inocência, pela nossa mínima capacidade de ponderar o bom e o mau, pela nossa fácil avaliação da necessidade ou verdadeira dependência. Agora, depois de tudo, apenas olhamos para trás e vemos o que hoje não conseguimos, ou por causa de nos impormos completamente a isso, ou pelas lágrimas que não deixam ver o que o passado mostrava todos os dias, ou pelo simples motivo de nos mentalizarmos que "já não é como era,eu cresci!?". Isso tudo acabou com o simples facto de antes termos 6/7 anos, e agora 16/17? Os motivos do nosso sorriso devem, podem e são apenas falsas demonstrações de alegria? Uma ilusão permanente à qual nos conformamos com o passar do tempo e cada vez a aceitamos melhor? Pelos vistos, dizem que sim. Mas eu quero acreditar que, pelo menos uma vez, um dia na nossa vida, olharemos simplesmente para alguém para nos fazer ver coisas que nunca tínhamos visto antes, que um dia, digamos algo que não sabíamos pronunciar antes, pensaremos em alguém, só para ter a certeza que pelos menos dentro de nós, ainda existe, e um dia, sei que sorri pela única razão que deveríamos, para mostrar a nossa felicidade, e não para tentar esconder outros sentimentos.» Anca Lipciuc