segunda-feira, 14 de novembro de 2011

não há forma de afirmar o que já vem com um "não"


«Finalmente deixei que me ensinassem o que não queria aprender com medo de que toda a minha inocência se fosse para o mesmo sítio que a minha força quer ir. Desisti de desistir, percebi que me enganava ao me deixar enganar, arranjei finalmente uma última força para me tornar forte. De uma dia para o outro acordo e vejo que, apesar do bonito véu que se estende à frente da minha janela, do lado de fora desta vem uma tempestade que eu, (in)conscientemente tenho andado a evitar. Não por motivos de cobardia, ou por medo de a enfrentar, mas sim por receio de não a conseguir sentir o que ela me quer transmitir. Já me aventurei em tantas trovoadas, em dias de tempestade sem fim, e este, só mais um, não creio que seja tão forte a ponto de me fazer sentir qualquer arrepio, qualquer dor, tenho medo de estar imune àquilo que me devia fazer sofrer, tenho medo de já não ter espaço dentro de mim para mais dor. Agora, apenas fixo os meus ideias, penso em ti de longe, penso naquilo que por ti faria, aquilo que a teu lado era e o que sou sem ti. Agora, apenas vejo e revejo memórias tuas, nossas, para me consolar daquilo que me tiraste, sonho contigo, de quando me falavas de coisas que eu não ouvia por estar mais concentrada em ouvir o que não me dizias, tenho saudades de me deitar e saber que me podia deixar levar nos sonhos por ti.
Agora, tudo deixou de fazer sentido, porque o sentido de tudo, eras tu. Há dias em que paro, sozinha como antes fazia, e penso. Não devia fazê-lo, mas por tudo a que me proibi a mim mesma, deixei-me livre apenas nisso, deixei-me apenas rever-te vagamente em pensamentos. Proibi a entrada a excepções, proibi a entrada a antigas mensagens, apaguei o que não devia voltar a ler, destruí o que não se consegue destruir, apenas omitir da minha cabeça por uns tempos, para te conseguir ver como uma lembrança e não como alguém que me faça querer lembrar-me um dia. Significavas o sorriso das minhas manhãs, a felicidade do meu dia a dia e a força duma vida, mas que agora se resume apenas a uma falsa ilusão. O que realmente me fazia sorrir de manhã, era o facto de saber que conseguia ser feliz a amar-te, e não tu; o que me fazia sentir feliz todos os dias era a ilusão de que um dia te poderia dar parte dessa felicidade, mas agora percebi que o que é meu, é apenas meu; e, por fim, a minha força, era alimentada com as tuas lutas, mas eu percebi que para vencer a batalha teria de lutar contra ti, e não por ti. E cá estou eu, feliz, forte e com um enorme sorriso na cara. E este, não é apenas um sorriso de "bom dia", este é o sorriso de um bom para sempre. » Anca Lipciuc

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